Turismo Regenerativo: Além da sustentabilidade.
Atualmente, o turismo regenerativo vem se consolidando como vanguarda no setor de viagens e turismo, propondo uma abordagem que vai muito além da sustentabilidade.
Primordialmente, ao invés de apenas mitigar impactos, ele busca ativamente restaurar, curar e enriquecer os destinos, tanto em seus ecossistemas quanto nas comunidades que os habitam.
Nesse sentido, essa visão progressista se interliga profundamente com o turismo comunitário, que, aliás, é o cerne da sua prática. Nele, as comunidades locais não são meros figurantes, mas sim aliadas no planejamento, desenvolvimento, gestão e operação das atividades turísticas.
Dentro desse contexto, elas também detêm o controle e as decisões sobre como o turismo é conduzido, desde a oferta de serviços até a gestão dos recursos.
Consequentemente, os benefícios gerados são reinvestidos diretamente no bem-estar coletivo da comunidade, fortalecendo a economia local, promovendo a autonomia e aprimorando aspectos como saúde, educação e saneamento.
Na Amazônia

De fato, a importância do turismo regenerativo é inegável nos dias de hoje, especialmente em um país como o Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia.
Este bioma, que é um dos mais biodiversos do planeta, sobretudo, é também lar de inúmeras comunidades tradicionais e povos indígenas.
Historicamente, a Amazônia tem sido percebida, principalmente, como uma vasta reserva de recursos naturais. No entanto, ela é, na verdade, um verdadeiro celeiro de soluções inovadoras e um repositório de saberes ancestrais milenares.
Sendo assim, o turismo regenerativo surge como uma ferramenta poderosa para a conservação e o desenvolvimento socioeconômico, criando uma ponte genuína entre o viajante e a floresta, pautada pela ética, pela ciência e pelo afeto.
Dessa forma, é possível fomentar uma economia que valoriza a floresta em pé e a cultura vibrante de seus povos.
Turismo Regenerativo: Características essenciais e aplicação na prática
Para entender a fundo o modelo, é essencial reconhecer suas características distintivas, que o elevam a um novo patamar de responsabilidade e impacto positivo.
Cocriação
Primeiramente, ele se baseia na cocriação, ou seja, as experiências turísticas são desenvolvidas em conjunto por visitantes e anfitriões locais, e não apenas oferecidas unilateralmente.
Sendo assim, em um roteiro regenerativo na Amazônia, o visitante pode não apenas observar, mas interagir na extração de copaíba, breu, cumaru, ao lado de um ribeirinho, por exemplo.
Também é comum colaborar na extração do leite do Amapá, que é amplamente utilizado na medicina popular local, especialmente para tratar problemas pulmonares, gastrite, baixa imunidade, fraqueza e para cicatrização.
Além disso, é possível a participação em oficinas de artesanato, onde turistas e artesãos criam peças juntos, trocando conhecimentos e técnicas.
Circularidade
Similarmente, a circularidade é um pilar fundamental. Neste modelo, os recursos utilizados no turismo são vistos como insumos que devem ser reaproveitados, reciclados ou compostados, minimizando o desperdício e maximizando o valor.
Um exemplo prático seria a compostagem de todos os resíduos orgânicos de uma pousada para adubo em hortas comunitárias, cultivando alimentos que são servidos aos próprios turistas.
Adicionalmente, a reutilização de água da chuva para irrigação de jardins ou nos alojamentos, ou ainda a produção de energia renovável no local, são práticas comuns que exemplificam a circularidade em ação.
Biocultura
Paralelamente, o turismo regenerativo promove a biocultura, valorizando a profunda e inseparável conexão entre a diversidade biológica de um local e a riqueza cultural dos povos que o habitam.
Os saberes ancestrais sobre o uso sustentável da floresta, por exemplo, como a identificação de plantas medicinais são transmitidos aos visitantes pelos comunitários, que compreendem a importância da preservação cultural para a manutenção do bioma.
Outro exemplo seria a participação em rituais ou celebrações tradicionais da comunidade, acima de tudo, com o devido respeito, vivenciando a cultura local de forma autêntica e genuína.
Engajamento sistêmico e holístico
Outra característica é o engajamento sistêmico e holístico, considerando aspectos ambientais, sociais, econômicos e, ao mesmo tempo, o bem-estar cultural da comunidade e do ecossistema.
Desse modo, isso se traduz em iniciativas que apoiam a educação local, a infraestrutura de saúde e a valorização das manifestações artísticas e das práticas culturais dos povos originários. Finalmente, a mensuração de impacto é intrínseca, com a coleta de dados sobre o benefício gerado, permitindo ajustes e aprimoramentos contínuos para garantir que a atividade turística esteja, realmente, regenerando o destino.
Inovação e Responsabilidade
Nesse contexto de inovação e responsabilidade, empresas visionárias se destacam, como, por exemplo, a Aura Amazônia, uma startup brasileira que tem demonstrado na prática o potencial do turismo regenerativo.
A Aura Amazônia, com sua missão de “cuidar do bioma e das pessoas, com ética, ciência e afeto”, oferece o “Tour Aromático da Amazônia” na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã.
Dentro desse cenário, seu tour é uma vivência imersiva que une ciência, ancestralidade e bioeconomia real, fortalecendo comunidades locais e transformando a jornada do viajante.
Turismo Regenerativo: Um legado para a Amazônia
A atuação da Aura Amazônia na RDS do Uatumã é um case exemplar de como o turismo pode ser, de fato, uma força motriz para o desenvolvimento sustentável.
A saber, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã está localizada no estado do Amazonas, abrange 424 mil hectares e é o lar de 461 famílias em 22 comunidades ribeirinhas.
Na RDS do Uatumã, o engajamento comunitário é um pilar central, onde o turismo acompanha o fortalecimento do manejo e o protagonismo produtivo.
Aline Alves, sócia-fundadora e diretora operacional da Aura Amazônia, enfatiza a relevância dessa abordagem: “Para as comunidades ribeirinhas da RDS do Uatumã, o turismo regenerativo é uma ferramenta vital de geração de renda, permitindo que a floresta permaneça em pé e que seus saberes sejam valorizados.”
Ela complementa, explicando a profundidade da experiência: “Nosso objetivo é, principalmente, que o viajante vivencie uma imersão profunda, onde ciência, ancestralidade e sensorialidade se encontram, consolidando a Amazônia como um polo de soluções e não apenas de recursos.”
Exemplos práticos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã
O turismo promovido por Aline Alves não só gera renda para as famílias ribeirinhas, mas também aproxima a ciência da floresta e transforma o viajante.
O barqueiro Lazinho, por exemplo, hoje navega com internet via Starlink, o que melhora sua comunicação e segurança, consequentemente, ampliando sua autonomia e acesso ao mundo.
As trilhas, que antes eram caminhos de extrativistas, hoje são cuidadas e preparadas por famílias da comunidade para acolher visitantes, ou seja, como quem prepara o quintal para receber gente querida.
A palha do chapéu que agora protege do sol, foi trançada, naturalmente, no tempo certo pelas mãos de uma família de uma das comunidades da reserva, Caribí.
Certamente, o tour da Aura Amazônia propõe diversas atividades em prol do turismo regenerativo, além de promover experiências transformadoras.
Assim sendo, entre tantos exemplos: aula na miniusina sobre a destilação de óleo essencial de Breu, trilha na floresta para conhecer cumaru, buriti, andiroba, tucumã, amapá, quina-quina, copaíba e outras árvores centenárias; além da visita à agrofloresta familiar de Pau Rosa.
Sobre Regeneração
“Regeneração é quando todos saem melhores: a floresta, os ribeirinhos e os viajantes”, afirma Aline Alves. “E turismo regenerativo é uma escolha ética, afetiva e corajosa”, conclui Aline, a pioneira neste modelo de turismo na RDS do Uatumã.
Portanto, o turismo regenerativo é mais do que uma tendência; é uma necessidade premente e uma oportunidade ímpar.
Em suma, ele oferece um modelo para o futuro, onde a indústria do turismo se alinha com a conservação ambiental e o bem-estar social, empoderando as comunidades e, ao mesmo tempo, proporcionando experiências de viagem autênticas e profundamente significativas.
Assim, ao optar pelo modelo regenerativo, os viajantes se tornam parte ativa da solução, contribuindo para a preservação e regeneração dos patrimônios naturais mais importantes do mundo e apoiando o verdadeiro desenvolvimento local.
Fontes:
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